sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A "contracultura" - Woodstock



Desde o início de 1960, o medo da bomba atômica tomava conta das mentes e beirava a paranóia. As pessoas planejavam como escapar da possibilidade de uma guerra nuclear controlada e grupos se reuniam para discutir como a população deveria se comportar para se defender da radioatividade em caso de bombardeio russo. Além disso, outro grande tema da população norte-americana era o horror ao comunismo.
Em 1967, a Guerra do Vietnã serviu de estopim para aquecer o “verão do amor”, numa manifestação ocorrida em Nova York, em 15 de abril, para celebrar a paz com o lema “Faça amor, não faça guerra”. O evento reuniu trezentas mil pessoas e se repetiu durante toda a estação em outras cidades dos Estados Unidos e na Europa.
Não só a guerra era motivo de descontentamento. Em 1968, ano de incrível efervescência, o mundo parecia prestes a explodir como uma caldeira em ebulição. Iniciando nos Estados Unidos, o novo espírito de inquietação incluía passeatas, contestações e continentes, com jovens lutando em todas as frentes.




Ocorreu verdadeira revolução nos costumes. Havia necessidade de quebrar velhos tabus e destruir valores estabelecidos. Paz e amor; desbunde; aqui e agora; contra o poder das armas, o poder da flor (flower power), o poder gay (gay power), a libertação feminina (women’s lib) e o poder negro (black power). Manifestações e palavras de ordem foram sedutoras o suficiente para mobilizar multidões de jovens nas mais diversas partes do mundo.



Esse conjunto de manifestações novas que brotaram em diversos países foi chamado de contracultura. Trata-se da reivindicação de um estilo de vida diferente da cultura, valorizada e defendida pelo sistema. A recusa radical da juventude aos valores convencionais entravam em cena com alarde. Dar um basta às idéias e modos de vida herdados de gerações anteriores: a discriminação racial, o autoritarismo, o consumismo, o trabalho alienado, a guerra e, com ela, a corrida armamentista. Buscava-se novas formas e novos valores tradicionais de expressão.
Entre eles, despontou a repressão sexual. Era preciso quebrar tabus, estabelecer novos valores. A descoberta da pílula anticoncepcional e a chegada da minissaia representavam o início da descontração e o fim dessa repressão sexual. Nas artes, proliferavam grupos de teatro de rua, com curtas encenações que contavam com a participação do público. Também pela primeira vez, palavrão e nudez faziam parte de muitos espetáculos teatrais.
Florescia um movimento social de cunho fortemente libertário, com enorme sedução da juventude dos setores médios urbanos. Rapidamente o movimento hippie se expande, com suas comunidades no campo e na cidade. Festivais de música, viagens e carona com mochila nas costas, orientalismo e passeatas pela paz ocorriam em toda parte.
O movimento hippie, como porta-voz de uma geração, recusava a sociedade de consumo, a valorização do sucesso material, propunha a liberalização sexual e, como pacifistas, fugia à convocação para a Guerra do Vietnã. “Contra o poder das armas, o poder da flor” – esse era o lema pacifista.
São Francisco, região portuária, tradicionalmente recebia pessoas de quase todas as partes do mundo. Berço do movimento hippie, ficou a nostalgia de uma canção (de Scott Mackenzie) que leva o nome da cidade. A melodia aconselhava a quem fosse para São Francisco que pusesse flores no cabelo. Lá, iria encontrar gente legal, principalmente no verão. Iria sentir também “uma vibração estranha” de uma geração em movimento.


O surgimento dos hippies chocava a sisudez da velha guarda, inconformada diante da promiscuidade dos jovens de cabelos compridos que faziam amor livre, a sensualidade e da vida nômade e libertária suas armas de combate à violência do mundo industrializado. Por outro lado, a experiência da droga, como forma de buscar a ampliação da sensibilidade, o erotismo, a preferência pela expressão artística no lugar do discurso político assumiam uma postura “contracultural”, que encantavam toda uma geração.
No interior do grupamento hippie, apropria organização econômica se torna comunal e muitos se voltam às atividades agrícolas. A nova forma de vida significava recusar a sociedade industrial e buscar o retorno à natureza, vivendo do próprio trabalho, de preferência artesanal. Tratava-se de experimentar criativamente nova maneira de viver dando ênfase à consciência ecológica.
Três grandes movimentos marcavam a rebelião: a retirada da cidade para o campo, da família para a vida em comunidade e do racionalismo científico para os mistérios e descobertas do misticismo oriental e do psicodelismo das drogas.



Um dos gurus do movimento hippie foi Timothy Leary (1920-1996), conhecido como membro do Departamento de Psicologia da Universidade de Harvard. Experimentando drogas (LSD e mescalina) junto com seus alunos, Leary visava explorar o potencial criativo da mente até então ignorado pelos cientistas e cidadãos comuns.
Dos festivais musicais que aconteciam nessa época o mais memorável foi o Festival de Woodstock, em 1969, onde brilharam Janis Joplin, Joe Coker, Jimi Hendrix, entre outros. Lá, o lema de um grafite dos muros parisienses, “É proibido proibir”, realmente foi posto em prática, num ambiente alucinante, com muita música e alegria. Quase meio milhão de pessoas formou uma fraternal comunidade, como pregava a filosofia hippie da época. Foram três dias de amor e música, sem registro de qualquer tipo de violência. No decorrer do festival foram consumidos todos os tipos de drogas, por isso cinco mil pessoas forma hospitalizadas e três pessoas morreram e nasceram duas crianças.











O evento tronou-se num verdadeiro ícone da contracultura. A força jovem e a liberdade assustaram os mais velhos e conservadores. As dimensões do Woodstock foram além das 450 mil pessoas reunidas no festival, tanto que as discussões sobre sua importância persistem, mesmo 3 décadas depois. E até hoje o evento divide opiniões.
Muitos dizem que Woodstock foi o fim de toda uma ingenuidade e utopia que cercavam os anos 60. Outros dizem que foi o apogeu de todas as mudanças e desenvolvimento na sociedade. Mas todos concordam que o festival foi um marco importante não só para a história da música, mas para a história do homem.







Um comentário:

Anônimo disse...

Amiga,
preciso muito falar com você!
Seu blog está lindo.
Vou fazer uma festinha de niver no dia 13/12 ai no Rio.
Me manda seu cel, please!!
Beijos